28 de agosto de 2009

Joanninhas no meu jardim...


Resisti bravamente à doçura daquela menina de cabelos longos e lisos, achava que era muito bom pra ser verdade um ser se comportar daquele jeito. Ela não falava, ela seduzia a todas e todos com a voz mansa e o jeito sempre vigilante. Deixei de resistir e me envolvi mais e mais por aquela aura encantadora.

Construímos horas de choro, de desespero, de aflições bestas... Risos, gargalhadas, pequenas vilanias... Compartilhamos muitos dos segundos dos nossos dias apenas ficando perto, estando juntas. Dizer que a amo é muito pouco, ela já se tornou parte de mim. Ela mora nos meus sonhos, nas minhas alegrias, nas minhas dúvidas e rompantes de grosseria. Cumplicidade é o que temos. Somos duas almas bobas que, de repente, se encontraram pelo mundo. A carrego no meu coração.

Hoje, de cachinhos dourados como o sol, ela ilumina os meus dias. A sua voz, que continua mansa, demonstra ainda mais vitalidade e bravura. As joanninhas passeiam pelo meu jardim encantado...

Dedico estas linhas, estes pensamentos, toda a vida... Ela tem dois "n" no nome e o coração do tamanho do mundo!

27 de agosto de 2009

Cheiro de flor

Quase morri do coração... Há tempos não sentia aquele arrepio na alma e a doce aflição de não saber o que fazer. Senti o cheiro da mais bela flor de meu jardim. Não é amar, não é amor... Foi só cheiro de flor.


17 de agosto de 2009

Sutilmente

Mas quando eu estiver
Morto
Suplico que não me mate não
Dentro de ti
Dentro de ti...


Tempestade em copo d'água


Deveríamos vir com um manual de instruções para lidar com nossas emoções. Seria muito proveitoso saber como dizer "sim" quando se quer dizer sim e "não" quando se deseja soltar um vigoroso "NÃO". Enquanto essa inovação não surge, sobram as lágrimas que derrama-se aos baldes em cada novo conflito ou embate. Tenho uma alma inquieta e sei que seria muito difícil normatizar isso tudo!

Mas sempre seguimos um roteiro em cada coisa. Acho que tenho assistido filmes em demasia... Sempre encaro as coisas já pensando no seu final. Nada é para sempre, a não ser as impressões que ficam guardadas em nossas almas, em nossos corações.

Tenho uma alma inquieta e uma vontade de sentir tudo demais, sei que vou sucumbir por conta desses desejos que não controlo. Minhas emoções se comportam como cavalos selvagens em campo vasto. É lindo demais sentir cada trote, perceber o rumo que eles tomam, só é sofrido deixar que eles me guiem. Sinto que meu coração jamais terá paz. A minha harmonia surge do caos. Céu quando há céu, infernos e torturas quando há dor.

Mas é um roteiro e logo surgirá uma nova história com flores, harpas, corações e o que há de mais Rodrigueano nos seres humanos (ou o que há de mais humano em Nelson Rodrigues!).

Sou pedaços de um todo que se funde nos outros, que se embriaga nas dores e alegrias alheias. Tenho o céu enluarado em mim, tenho os mistérios do amanhecer e das mágicas gotas de orvalho que encobrem as flores de meu jardim.

Sou a brisa serena que precede a terrível tempestade.

16 de agosto de 2009

Amar, amar e amar...

Da série de perguntas sem resposta da humanidade:

O que é amar?

Vivemos dizendo um monte de coisas a respeito do amor e sobre amar... Mas não tenho a mínima idéia de quantas palavras são necessárias para explicar esse troço que nos acomete e tira do eixo. Amar não é ter posse, o amor liberta as almas...

14 de agosto de 2009

Cinzas

Ateei fogo numa pilha de ilusões... Estou coberta das cinzas, do pó daquilo que edifiquei. Vivo no processo de renovação, por mais que isso custe algumas cicatrizes a mais. Vou bambeando na linha tênue da fantasia e sendo movida pela energia sutil que os sonhos desprendem. As cinzas são apenas uma parte da história de querer sentir tudo, de querer questionar tudo...


"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade; sei lá de quê!" Florbela Espanca
A minha sede de infinito se camufla nos mínimos desejos e nas mais violentas paixões. Faço dessa força a mola propulsora das pétalas que desabrocham sob o raiar do dia. Me alimento do orvalho da manhã e me fecho a luz do luar. Partilho o dia com o mundo e a noite com as energias contingenciadas nos sonhos. Me equilibro entre dias, noites e talvez...
Estou tomada pela fuligem, pelas pequenas partículas de tudo o que acreditava ser concreto e táctil. Marx estava coberto de razão!
Vou experimentar a chuva da madrugada e permitir que este pó entre em contato com os demais estágios da existência. Me liberto dos anseios, angústias, dores ilusórias... Me liberto de criar essas dores, as liberto do meu coração, de minha alma. Só a música e as águas conseguem acompanhar essa velocidade e ferocidade. Me movimento!
A doçura e esperança se regojizam, sabem que irão dominar áreas tortuosas e trarão a renovação dos sonhos. A energia é sempre transformadora! Me fito no espelho e reconheço nuances que estão exaltadas, afloradas. As liberto, me liberto!


13 de agosto de 2009

Pra Ela


não entendi o que aconteceu.
não entendi como se passou.
não entendi.

Regando as flores

Lírio-do-amazonas
(Eucharis grandiflora)

Meu jardim é diverso. Nele encontro lágrimas, poesia, saudade, sonhos e lutas, as minhas flores mais bonitas, as ervas daninhas, as sombras de árvores centenárias... Rego com o que há de melhor em mim, aquilo que sou e possuo.

Descortino as janelas de minha alma e me deparo com este jardim. Em algumas manhãs apenas enxergo as ervas daninhas e a vida dos seres pequeninos... Em noites enluaradas percebo o quanto esse microcosmo fala a meu respeito. Ah, também existem as tardes de devaneio que só percebo aquela flor, aquela obsessão!

Só que nesta manhã percebi que perdi algo, que deixei algo importante escapar por entre os dedos. A terra não ajudou, meu adubo foi descartável, a água e sombra foram escassas... A semente daquele sonho não germinou. Só me resta a lembrança do que eu desejei que existisse e tomasse a forma de meu sonho. Abandono estas sementes...

Cultivarei um jardim de Lírios e darei a eles o significado de minha existência. Cada um terá uma nuance realçada daquilo que sou. Minhas cores berrantes terão vida para além de meu jardim. Ornarei com eles os mais belos dias e as mais terríveis noites.

Liliane: Latim Lilium. Lírio
Lírio: Te desafio a me amar

10 de agosto de 2009

Coração Leviano


Deixe a vida te despentear!!!

Tirei daqui!






Recebemos por e-mail esse texto aqui embaixo (de uma autora desconhecida), e achamos que é um jeito simples e direto pra mostrar como as imposições sobre nosso comportamento, nossas roupas, nossa beleza realmente não foram inventadas pra deixar as mulheres mais felizes.
Mas, considerando que não é um processo individual a tomada de consciencia de que se despentear faz bem, acrescentamos algumas coisas que são parte de nossa prática militante, que nos despenteiam, em uma perspectiva de que cada vez mais mulheres se organizem para conquistar a liberdade: para se despentear, decidir sobre o corpo, interromper uma gravidez indesejada, escolher uma profissão e receber um salário justo, enfim: Seguiremos em marcha até que todas as mulheres sejam livres!!

"Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie, por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade…

O mundo é louco, definitivamente louco…

O que é gostoso, engorda.
O que é lindo, custa caro.
O sol que ilumina o teu rosto enruga.
E o que é realmente bom dessa vida, despenteia…

- Ir no ato, despenteia.
- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Batucar, despenteia,
- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Ir em reuniões, às vezes despenteia.
- Beijar à pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Fazer revolução, despenteia...

Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado… mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.
É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.
Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável, toda arrumada por dentro e por fora. O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença: Arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria… e talvez deveria seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz?
Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenho que me sentir bonita… A pessoa mais bonita que posso ser! O único que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja a mulher que devo ser. Por isso, minha recomendação a todas as mulheres:
Entregue-se, se manifeste, batuque, Coma coisas gostosas, Beije, Abrace, dance, apaixone-se, relaxe, Viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, cole lambe-lambe, Corra, Voe, Cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável, responda todas as cantadas machistas que receber na rua, Admire a paisagem, lute por um mundo melhor, seja feminista, aproveite, e acima de tudo, deixa a vida te despentear!!!

O pior que pode passar é que, rindo frente ao espelho, você precise se pentear de novo..."

9 de agosto de 2009

Bicho de sete cabeças

As lágrimas voltam a rolar e os ventos mudaram. O céu está tingido com o mesmo tom de cinza que carrego nas lentes. Só consigo sentir raiva, muita raiva mesmo! Não consigo imaginar tamanha displicência e igenuidade... Procuro eternamente a minhoca da maçã.

Só precisava um acordo e os castelos de areia não cederiam às ondas. Agora chega o vento e me rouba o riso da face, as nuvens escondem a luz de meus olhos, a chuva emudece meu espírito. Já não acredito em mais nada. Só sinto muita raiva de, mais uma vez, acreditar nos meus insetos interiores.

"Cresça e desapareça!"

8 de agosto de 2009

Noite, dia...




Saí com os brincos que mereceram elogios teus. A vaidade não é meu forte, você sabe! Mas hoje deu vontade de me pintar. Sei que pra ninguém além de meu espelho, mas me pintei. Até o gato da rua se esgueirou para roubar um carinho.

Caminhei pelas ruas abarrotadas de gente, um dia atípico, como qualquer outro. Minha caminhada foi, mais uma vez, vã. Mais uma vez fui seguir a sombra de teus passos e me perdi na noite enluarada. Mais uma vez disse que te odeio. Só que sempre no final da noite me dou conta que consigo odiar ainda mais as incertezas que me atormentam. Nem os brincos do teu elogio conseguem ornar tranquilamente aquilo que penso sentir.

Acabo a caminhada e respiro lentamente a brisa que suavemente brinca com os cachos de meu cabelo. Vou tentando te esquecer lentamente, a conta-gotas, como areia da ampulheta.


Foi só por hoje.

5 de agosto de 2009

Queime depois de ler...

Sei que tava querendo demais... Mais uma vez desejei demais! Viajei nas profundezas de poças d'água que cruzo (e caio!) espalhadas pelas ruas de minha cidade. Ainda assim tinha alguma coisa que só eu consegui ver, tocar. Minhas intuições se exibem ao me provar que era verdade o que me sopravam ao ouvido. Meus insetos interiores...

Não foi metade do que disse, e do que ouvi, que me levaram a acreditar, foi algo que inventei só pra mim, que brinquei, que sonhei e achei que era possível. Sabe quando se acredita que vale a pena a angústia, a abnegação, as mais cruéis saudades e as mais sofridas vitórias? As lágrimas custariam isso... Acreditei que não permitiria que essas lágrimas caíssem. Acredito que suportaria e beiraria facilmente ao estado de loucura! Mas, ainda assim, queria pagar esse preço, queria ousar.

Me calei.

Esperava ouvir que era esse também o desejo alheio...

Me senti muda... E surda!

Não sei se pelos silêncios ou pelas vozes que se exibem nesta hora. Não sei se fui tomada por um acesso de lucidez e joguei contra sem sentir, ou se sofri mais uma vez de amnésia alcoólica! Quem sabe meus insetos interiores não resolveram a questão sem que nem eu me desse conta? Meu mal é perguntar demais e acreditar que as minhas respostas satisfazem. Sou dada ao épico...

Procuro sim! Procuro em todos os cantos compreender como esse bichinho se comporta, do que ele se alimenta, como dói senti-lo! Mas sem ele não sei o que fazer da vida. Só o sinto. 'Sou todo coração!", já disse Maiakóvski. Talvez as lágrimas caíssem algumas vezes... Já caíram várias, não seria novidade. Quis acreditar nesse bichinho e cada coisa que fazia foi irradiada por esta brisa. Por vezes se comportou como brisa em noite de verão, daquelas que aliviam o calor e pedem delicadamente mais uma cerveja com os amigos... Mas a mesma brisa ganha outra cara se for no inverno, quando sopra frio e pede colo e cobertor. Tive as duas brisas, não sei qual me agrada mais. Foi beira de rio e de mar revolto, céu estrelado e praia... Foi a brisa que me seqüestrou numa noite quente de inverno.

Mas foi só brisa... Outros tantos ventos devem ter arrastado essa brisa que me pegou. Mas ficaram os sorrisos, a saudade da saudade que senti, as vozes falaram alto...

1 de agosto de 2009

Não canto

Não canto a tristeza
Faço de conta que ela não existe.
Espero o dia raiar e essa vontade de choro passar
O vazio insiste em cutucar, atormentar
A saudade cobre de dúvidas o caminho
O silêncio se faz faca amolada e retalha lentamente o sonho.

Não canto a tristeza,
Aguardo o tempo passar,
A saudade serenar,
Esse laço no peito desafrouxar,
Assim como essa rima pobre acabar!

Hei de partir
Carregada das dores do mundo,
Carregada das dores que crio.

Liliane Oliveira