25 de maio de 2010

Ansiedade



Entre café e cigarros as noites passam depressa. Procuro nos pincéis digitais a válvula de escape para esse bichinho que tá me agoniando o peito. Insisto em pensar e dar outros nomes para aquilo que bem conheço: ansiedade. Parece que tá tudo fora do lugar. As roupas, os livros, os textos, a aranha que teima em se esconder (mal sabe o medo que ela me dá!). Mais um café, mais um cigarro...

Assistir o nascer do sol pela janela não deveria ser um grande programa, não quando se está na frente do computador numa madrugada de chuva. Talvez não seja o local, quem sabe as outras tantas razões que fariam disso um acontecimento extraordinário?

Volto aos pincéis digitais e deixo a imaginação fluir em meio às cores e formas que rabisco na tela. Nem a lentidão torturante do processador me tira do sério... Há o riso bobo que sempre brota pelas frestas da impaciência. Pena que os dias demorem tanto a passar, além de parecer que quando se está mais perto, o danado do relógio inventa de se arrastar morosamente e me faz assim: impaciente e deliciosamente ansiosa! Sim! É delicioso sentir o friozinho na barriga, não saber onde se pisa, jogar esse "baba" com chuteiras sem travas.

tic, tac, tic, tac...

Números mostram que o aborto tem que ser debatido com urgência

Às vezes, a informação é tão contundente que, García Márquez que me perdoe – começar um texto com ela é o mais impactante. Começa assim, simples e diretamente, a matéria da revista Época: “Uma em cada sete mulheres brasileiras entre 18 e 39 anos já fez aborto”. O impacto derruba da cadeira, mas faz a gente voltar rapidinho pra ler o resto. Baseada no mesmo levantamento, o Estadão completa: aos 40 anos, uma em cada cinco brasileiras já abortaram. Os números sobem de 15% para 22%. De qualquer forma, chocante, triste.

Triste porque aborto com certeza não é divertido. As mulheres não o fazem porque é bacana, apesar de ilegal, como fumar maconha. O aborto é pesado. Além da questão física, da intervenção no corpo, a maior agressão é psicológica. Difícil entender a relação da mulher com a maternidade, mas com certeza é muito forte, e tirar um filho não parece ser uma brincadeira legal.

Mas uma em cada sete mulheres faz isso. Faz porque precisa, porque pôr um filho no mundo é ainda mais complicado do que fazer um aborto, porque não está pronta para assumir a responsabilidade, porque simplesmente não quer ter um filho no momento, porque foi irresponsável, sim, mas e daí? Claro que se tem que prevenir, que é o ideal, mas e depois que vem a gravidez? E os números têm comprovado que a prevenção não está dando conta do recado.

Caso de saúde pública

Um dos dados que a pesquisa traz é que, ao contrário do que se imagina, o aborto não é feito só por mulheres pobres. O número de casos se distribui em todas as classes sociais, com mulheres de todos os perfis. A diferença é que mulheres pobres não têm acesso a tratamento decente, dependem da boa vontade de médicos que ganham mal e trabalham demais. E vai saber se não vai encontrar algum falso moralista que condene a prática e discrimine a paciente. No caso das mulheres pobres, na hora do aborto, a sorte é muito mais importante do que para as endinheiradas. E contar com a sorte é extremamente arriscado.

Ao que se conclui que o aborto é, sim, uma questão de saúde pública. É ilegal, mas é feito em larga escala. E mais da metade das mulheres que o fazem acabam sendo internadas, o que mostra a gravidade da coisa. Feito sem cuidado, sem a devida atenção médica, pode causar dor, sequelas, morte. Uma cadeia de tristeza, de sofrimento.

A Pesquisa Nacional do Aborto foi financiada pela Fundação Nacional de Saúde e entrevistou 2.002 mulheres entre 18 e 39 anos em todo o país. Tem margem de erro de 2%.

Por que o aborto deve ser legalizado

Mas mais do que se tratar de saúde pública, o aborto deve ser um direito. Como exigir que uma mulher tenha um filho que não quer? O que vai ser da vida dessa mãe? Que tipo de criação vai ter uma criança dessas?

Chega a ser cruel ter um filho sem desejar tê-lo, às vezes sem dinheiro para mantê-lo com uma vida digna, às vezes sem condições para dar o amor e atenção de que necessita.

Muita gente procura saber de quem é culpa para evitar que novos abortos aconteçam. Tem a mulher, que se deixou engravidar. O homem, igualmente responsável e raramente mencionado. O governo, que falhou nas campanhas de prevenção. O Estado, que não dá a devida assistência social – mas peraí, elas não são pobres, não é falta de dinheiro. Então, de quem é a culpa? Não sei. Mas acho que essa discussão, sinceramente, é irrelevante.

A questão é que decidir o que fazer com o próprio corpo, com a própria vida, é um direito. Não importa quem errou, importa o que vem pela frente. Aí vem aquele discursinho de que depois que fez tem que assumir as consequências. É um sétimo da população feminina brasileira entre 18 e 39 anos! Não é uma questão de irresponsabilidade, pura e simplesmente. São todas criminosas? Devemos prendê-las? Talvez deixá-las sofrer com abortos mal-feitos, já que são todas culpadas? O pai, esse pode assistir. Quando está presente.

É engraçado que muitos dos que condenam o aborto são aqueles que viram a cara para a criança pedindo esmola. Muitos são a favor da pena de morte. A mesma Igreja que acoberta a pedofilia condena o aborto.

Falso moralismo, conservadorismo, cinismo, hipocrisia, demagogia, sei lá o nome que tem. Pra mim é maldade. Ser contra o aborto é defender que uma mulher seja obrigada a ter um filho que não quer. É ruim para a mulher, para a criança e até para aquele que é contra o aborto, que, em alguns dos casos, vai ter que conviver com um jovem que cresceu sem pai, ou sem acesso a bens e serviços mínimos, ou sem amor, ou sem que os pais tivessem tempo para se dedicar para ele. Tantas possibilidades…

O certo é que tem que haver um debate. Não dá pra fechar os olhos, tem que se discutir. Porque está acontecendo, é grave, é cruel com as mulheres e fingir que não existe não resolve o problema.

http://somosandando.wordpress.com/

Cheiro de terra


Meu coração tá teimando em bater descompassadamente, certas manhãs ganham mais brilho e beleza de repente. As tarefas do dia se perdem entre uma lembrança e outra daquele riso meio sem jeito... Meu rosto se enrubesce e fico a esconder a pontinha de alegria que certos atos me causam. Me aproximo ainda mais das montanhas, na verdade, as trago para perto.

Expando meu jardim e experimento sensações que não fazia idéia do bem que me fazem. Construir uma imagem, alimentar um desejo, criar fantasias possíveis, têm me feito caminhar calmamente em direção aos sonhos escondidos e às pontas desse emaranhado de expressões daquilo que sou ou sinto. Certas coisas não necessitam existir de fato (sempre repito isso!), certas coisas "acontecem do nada", como marés de março em setembro ou uma conversa despretenciosa ao longo do dia.

Alimentar essa fagulha que estremece meu peito não me põe em nuvens ou algo do tipo. Termino por começar a entender um pouquinho mais de liberdade, um pouquinho mais sobre o que quero (não mais o que não quero). Meus pensamentos se ocupam com mais uma fantasia... Antes viver de sonhos bons!

A brisa que vem do alto traz o cheiro de terra molhada.

Mais um riso displicente brota em meu jardim!

21 de maio de 2010

É tempo de florescer a primavera!

Tenho negligenciado bastante diversos espaços, este não poderia ser diferente! Mas a sede de escrever não me abandona um segundo sequer, por mais que seja tímida o suficiente para ser insegura. Diversos acontecimentos despertaram explosões e sonhos que mal cabem em meu jardim. A flor sumiu de meu horizonte, o mar ganhou um tom de azul indescritível, ao longe vejo montanhas se desenharem e meu coração teima em dizer que está vivo, há pulso!

O friozinho atrás da orelha foi companheiro em horas de desespero, alegria, incertezas e choque. A disputa eleitoral para o DCE UFBA fez despertar a minha PRIMAVERA, aquela que carrego NOS DENTES! Assumo novas tarefas e me embrenho ainda mais nos meus sonhos de luta e tenho nas mãos a capacidade de transformá-los em realidade. A campanha foi de uma beleza incrível. Somos os jovens que fizeram a opção de ser a CONTRA-MOLA QUE RESISTE, de trazer a PRIMAVERA NOS DENTES e lutar pela construção de uma UFBA, de verdade, pública, de qualidade e socialmente referenciada. Meu coração se encheu de alegria com essa vitória que foi construída desde o primeiro dia, que foi conquistada à base de muito suor, lágrimas e risos.

Depois escrevo mais...

18 de maio de 2010

Às Montanhas

Acho que meu coração voltou a bater... Mais uma vez ele mira montanhas longínquas, é aventureiro por natureza! É bom senti-lo bater novamente. Agora meu jardim encantado ganhou montanhas em seu cenário.

"... não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem ficou pra hoje..."

Novos traços e novas cores surgem a cada segundo, seguidos de explosões e risos incontidos durante à tarde. Riso bobo, é verdade!