20 de junho de 2007

Cartas para o ego

Escrevo cartas para ninguém
Meus devaneios tortos - só meus - só fazem sentido para mim
Meus pensamentos tortos, de palavras fáceis,
Só encontram eco em minha caverna rasa.

Escrevo minhas cartas para um ego
Um ego que se alimenta de fumaça
Da fumaça densa e escura
Produto das chamas que consomem meu mundo
Um mundo em constante transformação.

As chamas consomem tudo aquilo que achei que me pertencia
Algumas colunas e rios não são alterados
Só ganham novos tons de cinza
E são enfeitados com fuligem e poeira.

Ah! Minhas cartas para o ego
São pequenos focos de fogo
Que o sopro leve da dúvida
Transforma em incêndio sem controle
Necessário para um novo mundo
E um novo incêndio surgir.


Liliane Oliveira
Salvador, 18 de novembro de 2006

Dizer-te adeus

Decidi dizer-te adeus
Direi adeus ao silêncio
Direi adeus à distância
Direi adeus ao que criei.

Digo-te adeus, e também a mim,
Às minhas preocupações vãs
Aos meus devaneios tortos
À minha solidão quente.

Um dia, quem sabe, talvez
Folhei o meu livro de memórias
E me lembre deste dia
E dos outros dias
E dos dias que se seguiram
E me recorde tudo aquilo que não vivi
E tudo o que senti
E me pergunte ao final:
- Valeu a pena dizer-te adeus?

Liliane Oliveira
Salvador, 30 de outubro de 2006