5 de outubro de 2009

Fim do Silêncio

A atuação enquanto militante do movimento de Mulheres me faz ter vivências inexplicáveis. Estamos em um período fértil para a luta das mulheres. Óbvio que isto graças a muita luta, sangue e suor. Somos mulheres, fazemos sacrifícios pela nossa sobrevivência nesta sociedade heteronormativa, sexista, machista, racista. Desejam controlar nossos corpos e nossas vidas. Nos retiram a humanidade. Nosso corpo não nos pertence, nossos sonhos não nos pertencem. Sou mulher, estou viva e desejo viver os meus anseios de forma plena. Passaram a vida inteira me dizendo o que vestir, como me comportar, como devo me relacionar. Mas em algum momento eu fui consultada? Carrego em mim os traços do machismo, todas e todos convivemos numa sociedade machista. Mas há algo que pode nos diferenciar e que agrega para a luta pela superação deste modelo de organização social baseado na exploração do homem pelo homem. Não nego a perspectiva de classe, para mim não há feminismo sem socialismo, não há vitórias das mulheres e homens enquanto nosso modo de produção continuar a ter como horizonte a fragmentação das lutas e a expropriação das riquezas daqueles e daquelas que a produzem.

Tentam aprisionar nossas mentes... Não há nada que cause mais horror à ordem do que mulheres que sonham, pensam e lutam! Estou em movimento por acreditar na transformação real, possível, acredito no programa máximo! Desejo um mundo de eqüidade e fraternidade. Desejo a felicidade e o único caminho que aponta para este horizonte é o do socialismo, da luta, dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda. Sou mulher, sou petista, sou kizombola. Sou aquilo tudo que me dizem e um pouco mais por conta própria.

A luta pela autonomia de nossos corpos e nossas vidas se dá nas microesferas das relações pessoais, assim como é reflexo de toda a superestrutura que nos aprisiona. Nossa luta perpassa o questionamento e superação deste modelo falido de cerceamento das mulheres. Somos violentadas, expropriadas, vulgarizadas, erotizadas e mercantilizadas. Nossos leões tomam proporções gigantescas. Sobreviver é, por vezes, a única saída.

Se lançar a sorte nas mãos de algum açougueiro é a única (quando existe!) saída para muitas mulheres. A iminência da morte e a certeza da solidão são as únicas companhias. Essas mulheres possuem rostos, cor, têm endereço nas periferias desta (e de outras) cidades. Essas mulheres têm idade, têm histórias, lágrimas e sofrimento. Um sistema que gera tristeza não dialoga com a idéia de igualdade e felicidade. Não neguemos o machismo, ele bate à porta em nossas caras cotidianamente.

Sou mulher. Estou viva. Enquanto houver sopro de vida estarei na luta pelo fim dos silêncios abismais, pelo fim da violência sem medida. Luto por um mundo de eqüidade e justiça. Não sou feliz neste sistema exploratório. Tenho sonhos banhados em sangue, tenho o sopro de vida daquelas e daqueles que doaram suas vidas em nome da luta. A estrada por onde caminho é antiga e carrega histórias de vitórias e derrotas. A mim cabe apenas lutar!

Deleitem-se com esta obra.

Saudações lilases e boa luta!


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