Nossa! Me assustei ao constatar que em setembro postei apenas 5 vezes por aqui... Minha assiduidade foi prejudicada pela prisão dos 140 caracteres do Twitter! Tudo bem que não é essa prisão toda, mas termina por matar a sede de me "amostrar" e tagarelar por aqui. Mas este é o meu jardim de sonhos e fantasias. Este é o meu canto!
Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
E como tenho cantado à lua, ao mar, à primavera que tem enchido o meu peito de alegria! A primavera chegou e trouxe a brisa quente do verão. Meu jardim tem sido inundado por cores ainda mais exuberantes e por novas vidas e sabores. A minha flor mais bonita me deixa angustiada. Pareço o Pequeno Príncipe em sua paixão desmedida pela Rosa. Não nego os estragos mais deliciosos que ela me causa. Só ela faz meu peito apertar e minha alma se aninhar num afago quente. Só ela me coloca em conexão com os demais mundos que me regem. Com ela posso ser água, posso ser mato, posso ser raio e trovão. Minha flor mais bonita faz meus dias mais radiantes, faz o outono ter vida, faz a primavera brilhar ainda mais. Esta flor nasceu no verão e trouxe toda a luz, assim como todas as tempestades que vão e vêm. A amo e me rendo ao admitir que é ela que me inspira. Dela me deleito na doce seiva do querer, do desejar. É do som dela que faço minhas canções. É de sua luz que enxergo o dia.
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor...
Sei que meu jardim possui diversas espécies que detém minha atenção. Me surpreendo ao encontrar tanta vida neste pequeno espaço de meu ser. Tenho a vista de um mundo colorido e exuberante. Ele é dotado de contradições, de mágoas, de alegrias e de muita vida. Meu jardim não é alheio ao mundo que o cerca. Sou aquilo que vejo.
Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói
Por vezes escolho não ser heróica, admito que posso ser apenas humana. Posso errar, chorar, rir e enaltecer aquilo que penso. Meu jardim tem tomado conta da cidade que se desnuda diante de meus olhos curiosos. Me desnudo ao contar a estranho coisas que se escondem em minhas cavernas de entradas oblíquas. Apenas tenho a coragem de desvendar as cortinas de minha alma. Apenas abstraio esse mundo...
Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Trago no peito a iminência do choro. Não é pela lua cheia do céu, não é pelo mar que me aquietou a alma hoje, não foram os risos em mesa de bar ou as promessa que não se cumprirão. Apenas meu peito foi inundado por lágrimas que desejam libertar-se em meu jardim, elas desejam banhá-lo e alimentá-lo de tudo aquilo que meu coração guarda. Meus olhos as privam de sair, talvez compreendam algo que nem eu sei. Apenas aguardo a hora de libertá-las. Meus cavalos selvagens estão anunciando a tempestade. Nem meus olhos deterão a explosão da primavera.
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim
Minha flor mais bonita me confunde. Cada vez mais mergulho em seu universo. Ainda não sei onde estão os espinhos escondidos. Ela me jura que não os têm, mas meus olhos teimam em ver sombras de pontas afiadas. Meu coração berra por liberdade e toma a dianteira nessa expedição. Meu jardim não é para ser visto, é para ser sentido através de vibrações na alma. Meu jardim tem o perfume das cores e o gosto bom de manhã de domingo.
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
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