4 de setembro de 2009

Às águas

Tô meio enferrujada... Andei dando umas bandas por longe e me perdi na volta. Mas será que realmente queria voltar para aquele ponto de onde saí? Acho que não. Sinto a felicidade transbordar, a chuva refresca o sabor dos sonhos vindouros.

Tenho tanto a falar... Só não sei por onde começar ou dar destaque. Talvez as águas que me regem tenham me deixado num porto distante. Estou feliz e isso deveria bastar. A chuva, o rio, a terra, o povo, os sonhos, as paixões, a luta, a vaidade, o trabalho... Sentir Amor. Não há neste mundinho de meu Deus coisa mais sublime que o Amor. Mas tem que ser Amor de letra maiúscula, de coração aberto. Feito boiar em água mansa. O Amor que sinto é como a água, é regido pelas águas. Tenho todos os amores em mim, tenho toda a força da água em mim.

Meu jardim ganha novos atores e atrizes no cenário. Já existem montanhas a meu redor, rios caudalosos, mares e praias. Minhas flores também ganharam novos tons, novas luzes, novas pétalas das mesmas histórias, novos olhares...

A flor mais bonita me sorriu. É o cheiro dela que me embriaga, que me transporta, que me coloca em contato com tudo o que desejo, o que admiro. Este perfume busca o meu âmago, não me escondo diante dele, não há como usar do dom de iludir... Apenas sou. Tenho uma obsessão por esta flor, ela é algo que prende os meus sentidos usando fios de areia prateada...

A pedra mais alta apareceu no horizonte. Não é minha, bem sei. Mas não canso de senti-la. Apenas fito olhares furtivos, tropeços de pés embriagados, colo e dedos dados. Da pedra mais alta é possível ver o último por-do-sol. E ele traz a chuva e o frescor da Liberdade e do Amor. Da pedra mais alta é possível sonhar.

Meu jardim cresceu, meu bem. Tem tomado proporções que ainda não acredito. Descubro a toda hora um canto novo, uma flor nova, um sabor diferente, a vida que brota displicente. Meu jardim tem se transformado no mundo que vejo, do mundo que eu sou. As lutas e batalhas me dão o sopro de vida necessário. Faço por sentir um grande Amor, o verdadeiro Amor a me tomar e me mover. O Amor é meu combustível. Meus sonhos são forjados em ideais igualitários. Meus passos seguem rumo à revolução.

Eu, meu jardim, um mundo possível, minhas flores, meus insetos interiores e exteriores, o som do cotidiano nada anunciado, o sol, a lua, risos e lágrimas, alegria, alegria, alegria, paixão, brisa de inverno, a chuva, a gripe, a tosse, a cerveja e o RIO!

Às águas, águas e águas que me carregam e banham. O rio que faz parte de mim. O rio de carrancas, pedras, pontes, aridez... O rio que me banhei e me joguei com os dois pés. O rio que aceitei, a água que hoje me embriaga. Meu rio.

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