14 de dezembro de 2009

Lá de longe

Senti um olhar a seguir meus passos, a marcar meu ritmo, a acompanhar cada passo vacilante que dei neste traçado. Arrumei coragem e fitei aqueles olhos que estavam tão longe, quase me perdi ao me desarmar e perceber que estava acolhida. Aquele olhar, lá de longe, conseguiu me levar aos confins de minha própria alma, que é feita de água e de sonhos.

Senti-lo passou a ser algo que não conseguia dissociar-se do meu dia, acordava e percebia-o em cada parte de meu corpo, em cada segundo roubado da rotina o vivia. Era como tê-lo a meu lado, era perceber a distância diminuindo e os sentidos se falando, entrando em êxtase. A mesma música nos embalava, as mesmas angústias nos atormentavam, as mesmas dúvidas foram partilhadas. A distância nos ensinou a sentir de um jeito diferente, a pensar de um modo mais congruente até nas divergências. Passei a tê-lo muito perto, mas permiti que escapasse entre meus dedos ébrios e arrogantes...

Por ele me pus a sonhar, fui tateando, tentando encontrar aquele brilho, aquele outro pedaço de mim que inventou de se desgrudar. Estávamos, cada vez mais, voltando a um estado de unicidade para muito além dos corpos e dos tantos quilômetros entre nossos mundos. Caminhamos como sombras um do outro, me acostumei a tê-lo presente em cada riso, lágrima ou silêncio.

Talvez para conseguir entender aquela pepita que transcende de tanta luz, que transborda a serenidade de um colo, o desejo de um guerreiro, a doçura de um menino, me ponho nesse estado de leveza... Aquele brilho traz o sopro da vida, daquilo que nos move. Me balizo por ele.

Mal sabe ele que isto aqui já estava escrito desde aquele momento. Ficou impregnado em mim desde que senti aquele primeiro olhar lá de longe...


Um comentário:

Blog do Rasta disse...

linda lili, sentia ela ao ler :)