11 de novembro de 2009

Vermelho

Mais uma vez o sol passa por cima de meu jardim. Dessa vez ganhei um doce beijo do tempo e tenho meu coração vivo, pulsando, vibrando. Tenho incertezas, tenho medos e receios, tenho uma vontade de chorar que não passa. Ouço a mesma música há alguns dias e não tiro da mente o sorriso da mais bela flor do meu jardim. Rego meu jardim secreto com as lágrimas que não derramei, com as alegrias que não senti, com o aperto no peito que agora se faz presente.

Tenho a alegria e a angústia convivendo dentro do mesmo coração. Estão em disputa visceral e deixam meu sofrido peito aos frangalhos. Tenho as incertezas dos que sonham, tenho as dores dos que lutam. Tenho o riso da flor mais bonita do meu jardim, pena que ela não seja minha. Não sei se pena por não tê-la é o correto, talvez esta seja a única forma que a tenho, talvez ela só exista para contemplação. Dói deixá-la partir e fechar as janelas de meus sonhos. Dói dizer que é somente contemplação. Há um ano a cultivo, há um ano não penso em nada além de sua beleza e bem querer. A flor mais bonita de meu jardim é um Zahir...

Tenho medos e angústias. Tenho dores e vazios. Carrego no peito a dúvida e na mente os sonhos. O tempo passa rápido demais, o suficiente para me sentir desorientada com tantas respostas a dar e tantos anseios a sentir. Procuro o que é belo, o que é bonito, o que aquece meu coração e afaga minha alma. O beijo da flor mais bonita de meu jardim desperta uma luz fugaz que depois se transforma em escuridão. Acendo uma vela pra não deixar que aquele brilho desapareça tão depressa.

Ah! Tênue linha da loucura!

Carrego no peito o Amor e a Loucura. Carrego as dores dos amores que não vivi, os sorrisos que não despertei e o choro que não sai. Rego meu jardim secreto com as águas das tempestades anunciadas e dos ventos que desafiam as procelárias. Me sinto essa pequena ave a desafiar o rugido do mar e a morte nas pedras. Renasço ao envelhecer. Dou mais um passo em direção à utopia. Dou mais uma pausa por duvidar de sonhos. Cambaleando, caindo e tropeçando. Assim levo a vida, assim amo e me deleito. Tudo tem que ser de maior risco e de maior dificuldade. Sou como a Petrobras: O desafio é nossa energia!

Só aquele beijo é que não me larga a face. Só aquele olhar faz meu peito vibrar. Só aquele sorriso consegue despertar algo alheio a tudo isso. Me perco em cada nuance, em cada caminho, em cada passo que sou guiada. Deixo de ser a dona do jardim, deixo de ter dores ou angústias. Apenas sou a única mulher na face da terra. Parece que a lua cheia inventa de aparecer como holofote e me põe no centro de um palco onde só há dois atores em cena. Apenas esqueço do resto, da vida, do mundo. Apenas tenho o foco em cada traço, riso, som ou toque. Me perco em suas linhas e me acho em suas pétalas. A flor mais bonita do meu jardim pode até não ser minha, mas tenho a nitidez que sou dela!


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