Ultimamente, tenho sido incomodado por uma mosca varejeira das mais chatas que podem existir e importunar qualquer ser humano na face da Terra: a mosca da inércia. A inércia da população tem me incomodado bastante nos últimos tempos. Temos escutado cada absurdo, temos visto cada escândalo e ficado calados. Parece-me que esquecemos nosso passado como atiradores de pedra; penduramos nossos estilingues e ficamos com medo de quebrar vidraças. Espero estar errado, mas, ultimamente tenho percebido que a população se calou perante fatos esdrúxulos na política. Os movimentos populares entraram em um grande jogo de empurra-empurra, querendo culpar uns aos outros e, no final das contas, ninguém se manifesta. Estava outro dia conversando com um sindicalista amigo meu, e ele me falou que a “juventude está paralisada diante de tudo. Não se manifestou contra a crise, não se manifestou perante certos absurdos”. Realmente. Devo dizer que concordo em partes com meu nobre companheiro, entretanto, devo complementar dizendo que não é apenas a juventude que está paralisada, mas, sim, a juventude, os sindicalistas, o movimento negro, enfim, a critica tem que ser generalizada. Ora, enfrentamos vários momentos complicados na política brasileira como castelo de deputados, problemas sérios de segurança pública, e, mais voltado para dentro da realidade baiana e soteropolitana (mais especificamente ainda) temos vários problemas com a nossa administração municipal: suspeita de improbidade administrativa, reforma administrativa duvidosa, vereadores envolvidos com contravenção, dentre outras coisas. Não é possível que eu seja o único que vê estas coisas, ou que chama a discussão sobre isto. Sempre gosto de afirmar que não sou dono da verdade, nem tampouco candidato a Cristo, muito menos detentor de toda a moralidade do universo; ouso-me até a afirmar que sou o mais imoral dentre os mortais. Quanto à minha honestidade, só posso garantir que sou mais honesto do que Paulo Maluf. O que eu quero dizer é que a juventude do século XXI realmente deve ser grata àqueles que deram suas vidas, seu sangue e seu suor para construir esse tal de Estado Democrático de Direito em que vivemos hoje, e, como jovem, agradeço-lhes, porém, a biologia já comprovou que só os que vivem em bando conseguem sobreviver às adversidades da vida. Ernesto “Che” Guevara de la Serna foi prova viva de que sozinho não se vence nenhuma batalha e os vietcongs provaram que a união faz com que o inimigo mais forte seja derrotado. Aí, quero deixar a minha humilde opinião e dizer que a juventude sozinha não vai mudar o país, mas a juventude, o movimento negro, os sindicalistas, os gays, as lésbicas, os travestis e transexuais, as mulheres, os índios, todos juntos, mudaremos a história, como sempre foi. Também sinto extremamente necessário deixar minha dura crítica: Estado é uma coisa, partido é outra e Bobbio define isso brilhantemente. Defender os interesses do Estado é uma coisa, defender interesses partidários é outra. É necessário intervir na ação do governo, seja ele de direita ou esquerda. O poder é tão cobiçado, tão desejado para ser a arma de transformação social, e, quando temos essa arma nas mãos, não sabemos como usá-la! Por fim, queria deixar uma mensagem muito simples: REBELE-SE. Fazer oposição não é apenas bater no peito e dizer que é oposição; fazer oposição é escrever, é ir para a rua e não temer retaliação do governo, porque a manifestação do pensamento é livre e a constituição nos assegura. Transformação social é tomar atitudes, é respeitar, é investigar e denunciar o que estiver errado no governo, e é também “tirar o chapéu” quando algo de bom for feito. Fazer a revolução não é apenas pegar numa arma, mas é saber, também, usufruir do intelecto em prol das transformações sociais.
Thiago Carvalho
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