Hoje é dia de receber flores, emails com frases de efeito me felicitando pelo dia, mulheres dando entrevistas em rádios, vários anúncios ressaltando a importância desta data. Queria que o dia da Mulher fosse todo dia, mas nos outros 364 dias do ano somos ainda as vítimas da violência, da mercantilização de nossos corpos e vidas. Os bancos podem até me dar flores de presente hoje, as lojas podem me dar brindes como numa grande festa, mas devemos lembrar que não estamos numa sociedade justa e igualitária.
Luto por uma sociedade sem machismo, racismo e homofobia. Luto pra ter direito ao meu corpo e a minha vida. Luto para não virar estatística. Afinal, sou jovem, mulher, negra, nordestina e de periferia. Isso não deveria ser fator para determinar que estou exposta à morte. Sim, morte! Ou alguém pensa que o aparelho repressor do Estado não age justamente sobre esta população? Ou as grandes corporações que controlam até o que eu tenho que vestir? E a indústria da beleza que diz que já tenho que usar o Renew +25 da AVON e ter uma pele sedosa (nesse sol infernal de Salvador!) ou que tenho que ter um cabelo como o da Juliana Paes usando Garnier. Ah, tem também os valores judaico-cristãos que dizem que eu não posso escolher quando ter filhos, se quero ter filhos ou com quem eu terei essas crianças. A tarefa da reprodução é minha, nasci com útero e ovários, mas daí a dizer que eu eu não me determino, que eu não tenho vontade, que eu não tenho coragem... São muitos quinhentos!
O machismo é base estruturante no sistema de exploração capitalista. Afinal, quem é que vai trabalhar com fome? E com as roupas sujas? Quem tem que limpar a casa e cuidar das crianças? Quem é que fica com o "não-trabalho" doméstico? Bem, somos ensinadas a cuidar, zelar, sermos tranquilas, doces, na real: nos domesticam! Sabe o que me cabe? Lutar! Luto por uma sociedade sem a opressão machista, sem ser tratada como inferior, sem necessitar de autorização de pai ou companheiro para fazer nada, sem ser mutilada ou ter um casamento arranjado, sem ser assediada na rua ou no trabalho... Luto pela minha vida e pela vida das milhares de mulheres desse mundão!
Bem, fica o convite à luta. Homens e mulheres devem se unir no combate à violência sexista, ao racismo, à homofobia, a todo e qualquer tipo de preconceito. Precisamos, todos e todas, encontrarmos formas de superar esse modo de organização social. Devemos ter como horizonte uma sociedade de igualdade. Para tal, precisamos de reparação e ações afirmativas para os setores excluídos da sociedade. Precisamos lembrar que temos o poder do voto, que temos que eleger companheiras e companheiros comprometidos com esse ideal. Meu pacto é com a classe trabalhadora!
Todas e todos unidos por um mundo sem violência e exploração!
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