2. Tenho que escolher o que detesto - ou o sonho, que a minha inteligência odeia, ou a ação, que a minha sensibilidade repugna; ou a ação para que não nasci, ou o sonho, para que ninguém nasceu.
Resulta que, como detesto ambos, não escolho nenhum; mas, como hei-de, em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com outra.
Livro do Desassossego
Fernando Pessoa
Um dos livros mais incríveis que tive o prazer de deglutir (só assim pra externalizar!) é um não-livro que tem não-poesias que vai relatando uma não-vida. Mas será que tem tantos "não"? A graça e a magnitude de Pessoa vem carregada de ângulos oblíiquos (geometria + poesia?!) e frestas por onde entra uma luz bem fraquinha... Não há holofotes, há a vida com cheiro, cor, sabor. A poesia é construída nessa doida solidão de Pessoa e seus heterônimos. Álvaro de Campos é o meu favorito... Gosto da pegada underground dele!
Mas esse livro é um troço diferente. Posso abri-lo em qualquer página e passar horas me desvendando naquelas linhas e na imensidão de possibilidades. Pessoa me encanta por isso e por mais um monte de outras coisas... Mas essas linhas ficarão pra outra hora!
Um comentário:
Saudades...
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