26 de setembro de 2006

Poesia, poesia...

Um sopro leve e quente traz em si uma realidade perdida... Perdida entre convicções, valores e pretensões... Perdida em devaneios tortos, aspirações poéticas e patéticas... Pobre filósofo doente... Alberto Caeiro que o diga!

Talvez tenha deixado perder-me num mundo maior que eu, maior do que o que vejo, um mundo que me assusta... Não sei ao certo o que me espera na próxima esquina.

10 de setembro de 2006

...


Precisa falar mais alguma coisa???

Mais do Mesmo...

Ainda sinto um aperto forte no peito, um friozinho na barriga, um sopro quente e leve no pescoço... Ainda estou em nosso mundo. Meu corpo ainda vibra. Posso sentir teu abraço, teu carinho, teu afago. Estás a embalar a minha vida, me dá a doce proteção da liberdade, posso ser e estou livre, livre para mim e para ti, livre como o vento a tocar suavemente meu rosto, livre para ver beleza e acreditar... Deus! Como estou feliz!!! Como me sinto viva! Ainda nem acredito! Nosso mundo se expandiu e se tornou ainda mais real... Nosso refúgio, minhas tempestades e tua calmaria inquieta (?!), um arco-íris feito ponte, nossas misturas de sentidos e cores, cheiros e gostos... Ah! Tênue linha entre a razão e a loucura, rezo para que não se perca ou desejo que desapareça...

"Aonde está você agora, além de aqui dentro de mim?"

Que deliciosa confusão... Faço teu os meus olhos, minha pele, meu cheiro, meu carinho, meu afago, meu calor, meu torpor, meu vício, meus sentidos, minhas mãos, meu toque, minha carne, meus ossos, minha alma, meu silêncio, minha paz... És meu melhor vício, minha mágica, minha alegria desconcertante e quase infantil. Alegria livre, sem limites, sem imposições. Aqueces a minha alma e a dá mais um sopro de vida e sentido...

Sou criança a desenhar em minha calçada o que sinto e o que sou, no nosso mundo a chuva não apaga o sol que rabisquei...

Ainda estou entorpecida por tuas palavras e não quero que esse vício acabe... Quero o exagero!!! Não te vejo, mas te sinto vivo pulsando dentro de mim. Deus! Como te quero!!! Ainda que no nosso mundo, nos nossos sonhos, sensações e sentidos loucos, entorpecidos... Que raiva destas letras e desta tela, desta distância e frieza cruéis... Ainda assim é bom ser tua e te ter, mesmo em nosso mundo quente, exagerado, berrante, calmo, doce, leve, mágico!

As palavras desaparecem, as mãos frias, o coração a palpitar e queimar, as pernas tremem, os olhos escuros brilham, o rosto avermelha, a boca seca, um arrepio percorre as costas, um medo aterrador bate à porta, uma alegria surpreendente toma conta, uma ventania quente varre e incendeia, queima, transforma e faz vivo nosso mundo...

Timidez, pudor, alegria, preocupação... Nossos "medos" não conseguiram conter o que aconteceu hoje. Nossos monstros não passam de bonecos. Estamos a descer em queda livre, sem pára-quedas e sem nada mais a fazer a não ser apreciar a vista e o que sentimos...

Quero te ter sempre, atento, alerta, quente, calmo e vibrante!

Sentimental...

O quanto eu te falei que isso vai mudar.
Motivo eu nunca dei
Você me avisar, me ensinar, falar do que foi pra você,
Não vai me livrar de viver

Quem é mais sentimental que eu?!!
Eu disse e nem assim se pôde evitar.

De tanto eu te falar
Você subverteu o que era um sentimento e assim
Fez dele razão
Pra se perder no abismo que é pensar e sentir.

Ela é mais sentimental que eu !!!
Então fica bem
Se eu sofro um pouco mais.

[Se ela te fala assim, com tantos rodeios, é pra te seduzir e te ver buscando o sentido daquilo que você ouviria displicentemente... Se ela te fosse direta, você a rejeitaria]

Eu só aceito a condição de ter você só pra mim

Eu sei, não é assim, mas deixa eu fingir... e rir

Rodrigo Amarante